Movimento Progressista reergue-se na Tailândia: Novo partido desafia a elite conservadora

Movimento Progressista reergue-se na Tailândia: Novo partido desafia a elite conservadora
Publicado em 09/08/2024 às 5:32

Redação

Na sexta-feira, o partido de oposição dissolvido da Tailândia, Move Forward, fez um surpreendente retorno ao cenário político com o lançamento de um novo veículo político, que rapidamente se tornou o maior partido no parlamento. O anúncio vem após a dissolução do Move Forward pelo Tribunal Constitucional, que alegou que a campanha do partido para reformar uma lei de lesa-majestade ameaçava a monarquia constitucional.

O Move Forward, que conquistou a maioria das cadeiras na última eleição, enfrentou uma reação severa de setores conservadores e militares da Tailândia devido a sua agenda reformista e anti-establishment. O tribunal decidiu que o partido, ao promover mudanças na lei sobre insultos reais, estava arriscando minar a monarquia sagrada do país. A dissolução, considerada um ataque à democracia por muitos países ocidentais, marca o ponto culminante de uma batalha política de duas décadas entre a elite conservadora e os partidos progressistas.

O novo partido, agora liderado por Natthaphong Ruengpanyawut, de 37 anos, um ex-executivo de software em nuvem conhecido por sua estratégia digital inovadora, promete continuar a ideologia do Move Forward e buscar mudanças significativas nas eleições de 2027. “Continuaremos com a ideologia do Move Forward. A missão para mim e para o partido é criar um governo para a mudança em 2027”, declarou Natthaphong.

O Move Forward, antes conhecido como Future Forward, já havia enfrentado desafios significativos quando foi dissolvido em 2020 por violação de financiamento de campanha, desencadeando protestos em todo o país. O novo partido, denominado Partido do Povo, é a terceira encarnação do movimento progressista e pretende reverter o impacto da dissolução anterior.

A principal plataforma do novo partido inclui a reforma da lei de lesa-majestade, conhecida como artigo 112, que impõe penas severas por insultos à monarquia. Embora o tribunal tenha ordenado a suspensão da campanha para alterar essa lei em janeiro, Natthaphong afirmou que o novo partido continuará a pressionar pela melhoria e correção da legislação, porém com cautela para evitar possíveis retaliações.

Titipol Phakdeewanich, professor de ciência política na Universidade Ubon Ratchathani, observou que o novo partido estará inevitavelmente em conflito com a elite conservadora, independentemente de suas ações em relação à lei de lesa-majestade. “O partido continuará a ser um espinho no lado do establishment, o que significa que eles encontrarão qualquer maneira de derrubar o partido novamente. O establishment não vai parar,” afirmou Titipol.

Com uma proposta audaciosa de enfrentar os interesses estabelecidos e buscar reformas profundas, o Partido do Povo representa uma nova fase na luta política da Tailândia, desafiando o status quo e prometendo uma agenda de mudança significativa.